quinta-feira, 21 de junho de 2018

Contra intolerância, rádio Exu busca valorizar cultura e religiões de matriz africana

Rádio Exu carrega o nome de um dos orixás mais demonizados pelas religiões cristãs / Reprodução
fo Brasil de Fato
Transmitida pela web, emissora sediada em Belém, no Pará, tem populações negras como protagonistas de suas produções
por Lilian Campelo

"Exu, tu que és o senhor dos caminhos da libertação do teu povo sabes daqueles que empunharam teus ferros em brasa contra a injustiça e a opressão”.

O trecho acima é do poema Padê de Exu Libertador, na voz do jornalista Abdias Nascimento, escrito por ele em 2 de fevereiro de 1981. Exu é um dos orixás que compõem a religiosidade dos povos tradicionais de matriz africana e também dá nome a rádio comunitária em Belém.
A Rádio Exu de Comunicação Comunitária é uma rádio web de mídia étnica que completa dois anos em 21 de novembro, um dia após a celebração do dia da consciência negra.
Tata Kinamboji, um dos articuladores da criação da rádio, conta que foram os crimes de racismo e intolerância religiosa que motivaram sua criação: “Saiu no programa do Ratinho uma matéria sobre os terreiros de Belém, dizendo que nós violávamos túmulos, criminalizando as práticas tradicionais de matriz africana e essa peça, em especial, é fruto de um projeto fundamentalista que negava os direitos de cidadania do nosso povo”.
O programa foi ao ar em 2002. Nele, o apresentador culpa o então prefeito Edmilson Rodrigues, atualmente deputado federal pelo PSOL (PA), por ter autorizado a entrada de sacerdotes nos cemitérios. O SBT chegou a pedir desculpas à Prefeitura, mas os povos tradicionais de matriz africana de Belém não receberam nenhuma reparação por parte do veículo de comunicação.
Diante da repercussão e da violência sofrida, surgiu a ideia do nome da rádio, justamente porque Exu, o orixá da comunicação e o elo entre o mundo material e o espiritual, é uma das divindades mais demonizadas pela sociedade.
A rádio recebe produções de vários estados como Macapá, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Sergipe e Salvador.
Thiane Neves Barros é produtora do programa Abayomi, que significa o encontro precioso. De origem Iorubá, ela informa que Abayomi é o nome dado às bonecas de pano feitas por mulheres escravizadas e comenta a simbologia por trás desta proposta.
“É exatamente promover reencontros com essas mulheres, com nós mulheres negras que estamos na diáspora desde quando a escravidão foi autorizada por essas outras pessoas, pelos europeus, então a boneca tem uma referência a essa memória, a esse conhecimento e tem como objetivo continuar passando esse bastão, que é o bastão do reencontro e da diminuição da saudade do território.”
Ela afirma que as populações identitárias, indígena e negra, não possuem espaço na mídia hegemônica, e ressalta que exemplos como a rádio Exu e outras mídias e veículos em que essas populações são protagonistas de suas produções e narrativas vêm conseguindo ocupar espaços e criar oportunidades para serem ouvidas e visibilizadas.
Edição: Vanessa Martina Silva


https://jornalggn.com.br/noticia/contra-intolerancia-radio-exu-busca-valorizar-cultura-e-religioes-de-matriz-africana

As Nações do Rio de Janeiro

Documentário: Terras de Quilombo Uma Dívida Histórica - Parte 01.flv

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Serra do Queimadão, uma comunidade quilombola

TV NBR visita a comunidade Kalunga, o maior quilombo remanescente do país

Entrevista com Mãe Nalva de Oxum

Afro Amazônicos e seus símbolos

clementina de jesus (assim não zambi 1979)

clementina de jesus (assim não zambi 1979)

A morte do Chico Preto, por Clementina de Jesus




Na morte de Chico Preto
Houve muita tristeza no arraiá
Ele era cumpadre de todos
Não havia criança pagã no lugar
Os grandes rezavam
uma incelência
A criança chamando
O padrinho a chorar
Era mestre em benzedura
Curava quebranto,
tosse e queimadura
Picada de cobra
Não soube curar
Lalalaiá, laiá lalaiá
Lalalaiá, lalaiá, lalaiá, laiá, laiá
Nós estava na lavoura
Pra ganhar algum dinheiro
Urutu tava na moita
Urutu tava na moita
E picou meu companheiro
À comadre Dona Benta
Ele deixou como herança
Um banquinho, uma esteira
E também quatro crianças
Três machos barrigudinhos
Moringa e um violão
Que Chico Preto tocava
Sob o luar do sertão
Deixou também Mariinha
A pobre e triste menina
Tão pequenina a coitada
Mas já tem a sua sina
Vocês aqui nada sabem
Do que vai pelo sertão
Menina quando é bonita
É presente pro filho do patrão

Quem espera sempre alcança, né. Luciano? Saiu pela Odeon em raro compacto simples de 1975, o S7B-820-A, e numa compilação de registros ao vivo com artistas diversos, "O show dos shows". Samuel Machado Filho.